domingo, 7 de dezembro de 2008

Meu mundo

Eu vou te contar um segredo: eu vivo dizendo que sou diferente das pessoas. Quando eu digo isso é porque eu tenho um mundo imaginário inteiro na minha cabeça. Um mundo meu, que funciona do meu jeito e que é maravilhoso. Às vezes parece que ele realmente existe e que é de lá que eu venho, mas pra dizer isso eu teria que dizer que existe reencarnação, vida em outros planetas, etc. Até acho que pode ser, mas eu não ligo muito pra essas discussões, admito que, na verdade, por mim tanto faz, o que importa é entender como funcionam as coisas aqui, o que tem além disso não importa muito.

No meu mundo, a sociedade é completamente diferente da nossa aqui. Lá não existe certo e errado, mas existe respeito pelos outros. Obviamente isso não é uma coisa nova, afinal, não é fácil que todos concordem e se acostumem a agir dessa forma, mas com o passar do tempo as pessoas foram caminhando até esse estado.

Não é muito comum, mas às vezes as pessoas brigam. No entanto, elas têm uma certa vergonha disso. Não é que seja uma vergonha como nós a entendemos, não é que os outros as julguem mal por isso, mas não é uma coisa que os outros gostem de presenciar, então normalmente as brigas são em lugares privados e sem a presença de outras pessoas. Claro que nada é proibido, mas a gente tenta evitar incomodar os outros.

Outra coisa diferente é que nossas crianças são bem livres, mas são ensinadas por todos. É comum que elas passem períodos de certa forma longos distante dos pais. Na verdade, os pais nem mesmo moram juntos na maior parte das vezes.

Os empregos costumam ser coisas prazerosas. Aqueles que não o são costumam ser realizados em turnos. Embora sempre haja quem goste deles.

Outra coisa é que não existe religião. As pessoas vivem conforme consideramos ser a forma que nos faz ser melhores, mas cada um tem liberdade pra viver como quiser. Inclusive, há aqueles que preferem viver distantes de nós e não há problema nenhum nisso. Acho que eu poderia dizer que a nossa religião é sentir e agir segundo o que sentimos. Não falo sobre raiva, paixão ou nada disso, mas sentir os outros, sentir o mundo... isso é algo que eu não sei lhes explicar.

Acho que, porém, a maior diferença é a questão das relações entre as pessoas. Há sempre sinceridade e respeito nas nossas relações, seja com quem for. É claro que temos nossas preferências quanto às pessoas com quem nos relacionamos, por isso acabamos formando nossos grupos de pessoas próximas, mas sempre há cordialidade entre os grupos, por mais diversos que sejam.
Não há casamentos e as regras para relações amorosas são bem abrangentes. Por exemplo, não faz sentido algum para nós que alguém fique preso a outra pessoa, logo, não há casamentos. É comum que amemos mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
Uma coisa muito importante das nossas relações é que nenhuma delas é feita pra durar pra sempre. O importante é que a gente faça bem um pro outro, e enquanto isso acontecer a relação existe. Da mesma forma, não há preconceito quanto a sexo, as relações são de pessoa pra pessoa, não de homem pra mulher e vice-versa.
Proporcionar prazer e sentir atração por outras pessoas é natural e encarado como coisas "sagradas", como diriam aqui.
É comum que vivamos sozinhos, de forma que passamos períodos com pessoas que temos vontade, mas não há uma dependência nem um excesso que ultrapasse o ponto da vontade de ambos.
Como é freqüente que coisas boas nos aconteçam, não há a necessidade que existe aqui de que as coisas boas durem pra sempre.. tudo passa, mas novas coisas vêm.
Não é legal quando um relacionamento se torna frio, logo, antes disso a gente se afasta. É questão de fazer bem uns pros outros também.

Há muito mais coisas nesse meu mundo que aqui não existem, mas no momento é isso que eu queria contar...

3 comentários:

Anônimo disse...

"mas não é uma coisa que os outros gostem de presenciar, então normalmente as brigas são em lugares privados e sem a presença de outras pessoas." Sei que também não sou uma pessoa normal, mas isso funciona no meu mundo:lavar roupa suja é dentro de casa
"Por exemplo, não faz sentido algum para nós que alguém fique preso a outra pessoa, logo, não há casamentos. É comum que amemos mais de uma pessoa ao mesmo tempo." Pelo que sei, você tenta passar isso para este mundo daqui, não?

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Bem,o que tenho a dizer é que neste"seu mundo",muita gente gostaria de viver concerteza,e eu também...São sentimentos que acredito que muitos tenham vontade de expôr,mas não conseguem devido ao que foi imposto nos dias de hoje...mas seria ótimo se as coisas realmente fossem assim.