sexta-feira, 9 de maio de 2008

"- Poxa, faz tempo que não saimos juntos, né? Temos que marcar de sairmos os três de novo, como costumávamos fazer... que tal ir numa boate?
- Uhn... bem tava pensando em ir, mas não sei se me animo não...
- Ah, se anima sim.. vamos lá

Fim de semana seguinte realmente marcamos de sair.
Como bons trabalhadores, fomos no sábado à noite, já que um trabalhava mesmo aos sábados.

É incrível como às vezes eu sou capaz de adivinhar/prever/criar o que vai acontecer... não sei ao certo qual das opções. O que importa é que eu sabia que a encontraria lá... coisa de pessoas sintonizadas... acontece.

Enfim, voltando ao tempo antes da confirmação, estávamos indo pra boate. Como sempre, falando palhaçada e rindo bastante. Boas amizades são coisas que não se compra com meia dúzia de notas verdes...

Chegando lá, pagamos a fortuna cobrada pra entrar e fomos seguindo pela pista já bem cheia.
De repente, sem ter tido muito tempo pra pensar, a vi... e no momento seguinte ela estava me abraçando e soluçando:

- Por favor, me abraça.. *chorando*
- Uhn, ele tá aqui?
- Uh-hum...

É, como eu disse, dinheiro não vale amizade, né? Na mesma hora me virei abraçando a cintura dela e puxando-a pra fora.

Já na rua, andamos um pouco até um ponto mais deserto da rua e ela me abraçou de novo, e agora não agüentou segurar o choro.

- Me desculpa... eu... ele veio, como sempre, me atraindo pra depois me humilhar...
- Eu sei como é isso... e eu sei que não dá pra gente mudar o que sente... então não se preocupa, eu não vou te julgar por isso =)

Chorando mais ainda ela me abraçou e se jogou no meu colo... Como as ruas não são tão seguras e aconchegantes como a gente gostaria, peguei-a no colo e trouxe pra portaria do meu prédio.

Enquanto caminhava pela rua com aquela menina pequenininha, magra e com os olhos mais lindos que eu já tinha visto se afogando em lágrimas de tristeza eu fiquei feliz de saber que podia contar com a amizade dela, e que ela podia contar com a minha.

Quando a gente chegou, sentamos no sofá da portaria e ela chorou no meu colo até cair no sono."

Acho que todos nós, um dia, já sentimos essa vontade de fechar os olhos e chorar e deixar o mundo continuar enquanto a gente só chora... e poder contar com alguém pra cuidar da gente enquanto isso.
Não ter forças pra enfrentar o mundo é horrível, mas o pior é ter que cair sozinho, sem ter com quem contar.
Acho que, por isso, eu sempre gostei muito de ser amigo das pessoas, de poder fazê-las confiarem em mim e contarem comigo, porque eu não quero que ninguém tenha que passar por um momento desses sem ter um colo pra amparar.
Eu já passei por isso sem ter e tendo...
Nada se compara a deitar a cabeça no colo de alguém sem se preocupar com nada.

P.S.: A história é um filmezinho que passou na minha mente enquanto eu tomava banho hoje (fazia muito tempo que eu não tinha tempo pra viajar assim durante o banho). Pode não fazer muito sentido nem ser uma grande história, mas eu quis tentar escrever.

Um comentário:

Thiago M. disse...

Não, agora eu me senti obrigado a comentar! Não ia conseguir dormir com o peso na consciência de ter deixado uma criança triste :P

Bem, antes de mais nada, umas considerações iniciais:

1. Foi muito estranho ler "que tal ir numa boate?", mahuahua. Sei lá, não me entenda mal, mas não é a sua cara isso. Ah, sei lá, mas enfim.

2. Lembrei de um trecho em especial do seu conto hoje, as falas:
"- Me desculpa... eu... ele veio, como sempre, me atraindo pra depois me humilhar...
- Eu sei como é isso... e eu sei que não dá pra gente mudar o que sente... então não se preocupa, eu não vou te julgar por isso =)"
[ o emoticon foi ótimo XD ]

Discutíamos sobre o que era o amor e se ele era razão ou era emoção.

Bem, agora as considerações finais [tente não me matar por ter "poluido" seu blog]

"Isn't she lovely, this Hollywood girl?
And they say

She's so lucky, she's a star
But she cry, cry, cries in her lonely heart, thinking
If there's nothing missing in my life
Then why do these tears come at night?"

Pois é, a gente pode brincar que dinheiro tras felicidade, mas um lonely heart é que faz mesmo a diferença.

E é uma das coisas que mais me frusta não conseguir dar um ombro amigo. Não é fácil não, não é qualquer um que consegue.